ANAIS – Seminários Teóricos Interdisciplinares do SEMIOTEC – I STIS. Nov/2012
Letramento Visual
Flávia Felipe Silvino
Resumo: A tecnologia utiliza recursos multimodais, que agregam informações ao
processo de aprendizagem da leitura e escrita. O presente artigo utiliza o termo
multimodalidade para apresentar o conceito de letramento visual e explicar as
novas práticas de leitura e escrita.
Palavras-chave: letramento, letramento visual, multimodalidade
Introdução
Hoje, as informações atingem a sociedade através de diversos meios. Neste
processo de fornecer informação, o uso da imagem tem apresentado uma maior
evidência. Os textos são construídos utilizando mais de uma modalidade, como
as imagens, a escrita, os sons e as ferramentas digitais. Todas participam dessa
nova pesquisa , o que nos direciona às definições de multimodalidade e ao novo
conceito de letramento, para, posteriormente, discutirmos o letramento visual.
O termo multimodalidade surge pela necessidade de explicar os novos
fenômenos que aparecem diante do aprendizado da leitura e da escrita. Surgem,
também, frente ao uso da tecnologia durante o processo de ensino e
aprendizagem. A multimodalidade afirma que o sentido é construído,
interpretado e expresso não apenas pela linguagem falada ou escrita, mas
também por vários recursos disponíveis para a produção de sentido – imagens,
cores, sons, movimentos e gestos. Juntos, estes meios de comunicação produzem
significados e interferem nas relações de interação e aprendizagem dos
indivíduos.
Atualmente, com a tecnologia participando no dia a dia da sociedade, o
indivíduo, além da habilidade de ler e escrever, deve lidar com a informação
visual que acompanha as informações, disponíveis em todos os ambientes.
Com o surgimento da multimodalidade, a definição de letramento que,
segundo Magda Soares, é o desenvolvimento de comportamentos e habilidades
de uso competente da leitura e da escrita em práticas sociais (SOARES, 2004),
necessita de ser ampliada e fundamentada nas novas pesquisas que surgem
sobre hipertexto, cibercultura, letramento digital, EAD, etc.
A mesma autora apresenta a necessidade de ampliar o conceito de
letramento e afirma que o termo é definido por conceitos. Por isso, propõe o uso
do plural - letramentos - para enfatizar a ideia de que diferentes tecnologias de
escrita geram diferentes estados ou condições naqueles que fazem uso dessas em
suas práticas de leitura e de escrita. Diferentes espaços e mecanismos de
produção, reprodução e difusão da escrita resultam em diferentes letramentos
(SOARES, 2002).
Dentro desta perspectiva plural de “letramentos”, aproximamos, do termo
letramento visual, as novas modalidades de práticas de leitura e escrita, as quais,
estimuladas pela tecnologia, solicitam uma visão multimodal. Isto é, além da
habilidade de ler e escrever, o indivíduo deve possuir a habilidade de utilizar a
informação visual, buscando integrar os significados que esta informação fornece.
Definição
Para Stokes (2002), o letramento visual é definido como a habilidade de ler,
interpretar e entender a informação apresentada em imagens pictóricas ou
gráficas, e também de transformá-la em imagens, gráficos ou formas que ajudem
a comunicação.
Letramento visual é a leitura competente de imagens nas práticas sociais
(ROCHA, 2008), é a capacidade de ver, compreender e, finalmente, interpretar e
comunicar o que foi interpretado através da visualização. De um modo geral, o
letrado visual olha uma imagem cuidadosamente e tenta perceber as intenções da
mesma. O letramento visual permite que o indivíduo reúna as informações e
ideias contidas em um espaço imagético colocando-as no seu contexto,
determinando se são válidas ou não para a construção do seu significado.
Procópio e Souza (2009), ao investigar o uso dos recursos visuais no
ensino-aprendizagem de vocabulário em língua estrangeira, descrevem
letramento visual como a habilidade de entender e produzir mensagens visuais,
capacidade que gera benefícios a professores e alunos. Os indivíduos letrados,
para conduzir o seu processo de aprendizado, percebem a imagem visualmente,
detalhadamente e criticamente . Procópio e Souza (2009) citam as habilidades
que o indivíduo desenvolve quando são letrados visualmente:
a) Compreensão dos elementos básicos do design visual;
b) Percepção das influências emocionais, psicológicas, fisiológicas e cognitivas
apresentadas nas imagens;
c) Compreensão das imagens simbólicas, representacionais, explanatórias e
abstratas.
Ou seja, o individuo deve ser capaz de perceber, organizar, construir sentido e
expressar o que foi compreendido em um texto formado por vários aspectos
modais (visual, escrita e som).
Letramento visual e o impacto no ensino
Oliveira (2006) afirma que a construção de sentido, que antes era
construída de forma mono modal, agora abrange outras modalidades
comunicativas, dentro de uma concepção multimídia de texto, a qual trabalha o
linear, mas também o não linear; a sentença, mas também a imagem. Considera
as marcas tipográficas, topológicas e pictóricas; mas também faz uso do som e do
movimento, das cores e dos gestos, dos gráficos, diagramas e desenhos, e da
simulação virtual dentro de estruturas hipertextuais.
A discussão sobre letramento visual no currículo escolar desencadeia a
necessidade de pensar nos instrumentos utilizados para produzir o
conhecimento, formulando questionamentos quanto ao conhecimento do
professor, tais como:
- Qual o impacto que o letramento visual tem no processo de aprendizagem
do aluno;
- Como o professor pode desenvolver as habilidades necessárias para essa
leitura multimodal?
Além disso, há indagações quanto ao processo que o aluno desenvolve para
melhorar suas habilidades, a fim de se tornar letrado visualmente:
- o que esta imagem significa?
-qual a relação entre a imagem e o texto?
-a imagem cumpriu o seu objetivo?
O letramento visual deve preparar os alunos para a dinâmica do mundo
on-line e para todos os espaços que envolvem o processo de ensino
aprendizagem. Oliveira (2008) afirma:
“... de coadjuvante nos textos escritos, a representação
visual começa a tomar ares de ator principal. O que antes era
apenas um adendo ao texto verbal, hoje se mostra um formato
instrucional com possibilidades pedagógicas tão eficazes
quanto o texto linear, dotado de vida própria e capaz de
recriar, representar, reproduzir e transformar a realidade por
si, segundo parâmetros comunicativos específicos.”
Retomando o trabalho de Procópio e Souza (2009), os autores afirmam que
o letramento visual deve fazer parte do programa de ensino, uma vez que as
habilidades a serem desenvolvidas requerem tanto tempo quanto ampla
exposição, além de intervenções educacionais de vários tipos. Para Buzzato
(2007), surge um momento que o verbal e o visual se unem para criar sentido:
quando nem o verbal nem o visual conseguiriam criar isoladamente. Assim, o
letramento visual levanta a necessidade de ser mais um objetivo a ser alcançado
pela escola. A multimodalidade, presente nas mídias, nos livros didáticos e na
sociedade, necessita ser compreendida em todas as suas formas utilizadas para
transmitir o conhecimento e a informação.
Conclusão
Vivemos em uma sociedade em que a velocidade das informações é,
gradativamente, maior e em que os meios multimodais, para transmitir essas
informações, estão presentes a todo o momento. Deste modo, é importante
promover debates sobre este novo letramento e sobre a maneira apropriada do
indivíduo integrar as informações visuais no seu processo de aprendizagem.
Referências
BUZATO, M. E. K. Inclusão digital como invenção do quotidiano: um estudo de
caso. Revista Brasileira de Educação, v.13, n.18, p. 325-342, 2008.
OLIVEIRA, S., Texto visual, estereótipos de gênero e o livro didático de língua
estrangeira. Trab. Ling. Aplic., Campinas, 47(1): 91-117,2006
ROCHA F. Monografia “Imagem e palavra: a produção literária para crianças em
livros das autoras/ilustradoras Ângela Lago e Eva Furnari“, realizada como
trabalho de conclusão de curso de curso de graduação em Pedagogia pela
Universidade Federal de Minas Gerais. (UFMG 2008)
SOARES, Magda. Novas Práticas de Leitura e escrita: Letramento na
Cibercultura. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 143-160, 2002
SOARES, MAGDA. Letramento e alfabetização : as muitas facetas. REVISTA
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, Rio de Janeiro: n. 25, p. 5-17, 2004.
STOKES, S. Visual literacy in teaching and learning: A literature perspective.
Electronic Journal for the Integration of Technology in Education,v.1, n.1, 2002
SOUZA, P.Os recursos visuais no ensino-aprendizagem de vocabulário em língua estrangeira.
Maringá, v. 31, n. 2, p. 139-146, 2009
THIBAULT M. and WALBERT D. Reading images: an introduction to visual
literacy. http://www.learnnc.org/lp/pages/675
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/stis/issue/view/120 6
Teórico C. I. Richard Smiraglia
domingo, 26 de abril de 2015
terça-feira, 2 de julho de 2013
Richard P. Smiraglia
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Fonte: http://sois.uwm.edu/ioethics/smiraglia |
1) DADOS BIOGRÁFICOS
1.1) PERCURSO PROFISSIONAL
Richard
P. Smiraglia é professor de Information Organization Research Group, da Escola
de Estudos da Informação, na Universidade Wisconsin, Milwaukee. Graduado em música - Lewis & Clark College (1973) - Richard Smiraglia é conhecido por seu trabalho sobre a
designação da música, armazenamento e recuperação da informação desta. Ele definiu o
significado de “a work” empiricamente e explorou as implicações do fenômeno
da instanciação entre objetos de informação. Um trabalho recente inclui domínio
de estudos analíticos de organização do conhecimento, análise empírica de
classificação social e análise epistemológica do papel da autoria na tradição
bibliográfica. Ele é um pesquisador associado do Grupo de Humanidades da Academia
Real Holandesa de Artes e Ciências (KNAW), colaborador do Laboratório Espaço do
Conhecimento para mapear a evolução do conhecimento na Wikipédia e editor-chefe do jornal “Organização do Conhecimento”.
Mais sobre Smiraglia:
Mais sobre Smiraglia:
- Teórico de catalogação.
- Smiraglia lecionou na Universidade de Long Ilha (1993-2009), na Universidade de Columbia (1987-1993) e na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (1974-1986).
- Atualmente, Smiraglia é Professor Visitante e membro do Grupo de Pesquisa Organização da Informação na Universidade de Wisconsin-Milwaukee.
- Smiraglia numa conferência
1.2) DADOS ACADÊMICOS
- Graduado em música – Lewis & Clark College (1937). Richard é conhecido por seu trabalho sobre a designação da música, armazenamento e recuperação da informação desta.
- Mestrado em Biblioteca Escolar – Indiana University (1974).
- Mestrado em Teologia – The General Theological Seminary of the Episcopal Church (1997).
- Doutorado em Biblioteca Escolar – University of Chicago (1992).
2) PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES AO CAMPO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
- Smiraglia definiu o significado de “a work” empiricamente e revelou o fenômeno onipresente de instanciação entre objetos de informação. A natureza de “a work” foi o primeiro tratamento de “monograph-length” e foi seguido em 2002 por um trabalho de Ontologia como entidades para a recuperação da informação. Em seu artigo “The works phenomenon and best-selling books” foi eleito o melhor na categoria de Catalogação e Classificação "Quarterly" (volume 44; 2007). (Texto traduzido do site http://www4.uwm.edu/sois/people/profiles/smiragli.cfm )
- Smiraglia está preparando uma nova monografia sobre a organização do conhecimento, na qual ele busca fazer um levantamento sobre as abordagens de domínios distintos para conceitos básicos como a taxonomia, a tipologia e a ontologia.
- Ele também está trabalhando com a teoria do conhecimento, bem com o aspecto fenomenológico da marcação social, e com a ontologia do patrimônio cultural para extração de dados.
- LIVROS DE AUTORIA DE SMIRAGLIA:
- Music cataloging: the bibliographic control of
printed and recorded music in libraries
- Describing archival materials: the use of the
MARC AMC format
- Cataloging music: a manual for use
with AACR 2
- Policy and practice in bibliographic
control of nonbook media
- Origins, content, and future of AACR2 revised
- Describing music materials : a manual
for descriptive cataloging of printed and recorded music, music videos, and
archival music collections : for use with AACR2 and APPM
- Music subject headings : compiled
from Library of Congress subject headings
- Bibliographic control of music,
1897-2000
http://www.columbia.edu/cu/libraries/inside/units/bibcontrol/osmc/smiraglia.pdf
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SMIRAGLIA, Richard P. Metadata: a cataloger’s primer. Haworth Information Press, 2005.
http://worldcat.org/identities/lccn-n81-31242 (Acesso em: 01/07/2013)
http://en.wikipedia.org/wiki/Richard_P._Smiraglia#A_Work
(Acesso em: 01/07/2013)
http://bcufrgs.blogspot.com.br/2011/06/os-10-principais-blogs-de.html (Acesso em: 01/01/2013)
https://pantherfile.uwm.edu/smiragli/www/ (Acesso em: 01/07/2013)
http://bcufrgs.blogspot.com.br/2011/06/os-10-principais-blogs-de.html (Acesso em: 01/01/2013)
https://pantherfile.uwm.edu/smiragli/www/ (Acesso em: 01/07/2013)
O que é instanciação?
- instanciação
Do latim instantia, segundo Cunha & Cavalcanti, é o ato ou efeito de fornecer instância concreta de algo.
No campo da Ciência da Informação, Richard Smiraglia (2005) define Instantiation como aquilo que integra a teoria da representação de obra, de documento, de artefato e de sistema. O estudioso chegou a essa definição a partir das ferramentas de busca Google Acadêmico e Library and Information Science Abstracts (LISA), em que ele encontrou o predomínio da Instantiation em duas formas de uso: 1) significação para projeto de sistemas tecnológicos; 2) uso documentário.
Na Catalogação, a instanciação é fenômeno que se discute no âmbito de relacionamentos bibliográficos e ocorre sempre que a obra é realizada num tempo ou se manifesta de alguma forma.
- Essa definição foi retirada do artigo O conceito e a instanciação de obra em Catalogação
segunda-feira, 1 de julho de 2013
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